sábado, 15 de agosto de 2015

o Papá

No mínimo, um filme de luta, boxe (o que lhe quiserem chamar) proporcionaria um momento de horror, impressão, vontade de virar a cara. 

A mim não.. a mim colocou-me a chorar por 3/4 do filme, no total.

Southpaw. 

Devo dizer que se trata de um filme de boxe mas mais para o lado do drama. Billy Hope, um lutador de boxe que perde a mulher, morta acidentalmente por um grupo rival, entra num mundo de drogas e álcool, acabando por perder a casa, carros e mais importante, a custódia da filha. O filme revela a verdadeira "luta" na reconquista da vida, da coragem, e da filha.

Não devo precisar de dizer muito mais para se perceber o porquê da minha choradeira.

A verdade é que dei por mim a refletir na vida, na morte da mãe e na vida do meu pai. Dei por mim a agradecer o verdadeiro lutador que tenho em casa. Um homem que nunca se entregou ao desespero que a dor de uma perda pode trazer associado. Um homem que nunca nos deixou e que nunca deu azes a que de alguma forma se coloca-se em causa a sua forma de educar ou de nos proteger. 

Não existem livros ou instruções. Mas deu sempre o melhor do Melhor.

Parece uma tontaria estar a pensar nestas coisas, ainda mais agora 17 anos depois. Mas talvez pela idade, pela angústia de só agora começar a perceber o que será de facto - perder alguém que se ama, com quem se tem uma vida, com quem se construiu um sonho, com quem se tem duas filhas pequenas, com quem de alguma forma era a responsável pela gestão da casa, da rotina. 

Eu não me lembro de como nos despedimos na primeira noite que dormimos os três sozinhos em casa sem a Mãe. Calculo que não tenha sido "Boa noite". Mas não me lembro. Talvez teremos ido cada um para seu quarto e não sei mais... mas a Mãe não dormia todas as noites ao meu lado. Dormia todas as noites ao lado do pai. Como será?

Eu não me lembro de como nos cumprimentámos nas manhãs seguintes e nas outras, e nos meses e anos que se seguiram. Sei que a vida passou e se reconstruiu e se reencontrou. Mais vale não se remexer.

Mas lembro-me, e, isso sim, de que não se falou durante muito tempo. Não se mexeu em nada durante muito tempo. Como se fosse um lugar proibido. Às vezes, muitas vezes, ainda o é. A emoção invade e arremata tudo. Arremata palavras, vontades, dizeres, sentimentos.

Resta-me e agradeço por estes filmes terapêuticos em que sentada no cinema sozinha posso libertar cá para fora tudo. Tudo o que faz dói dói.

Resta-me amar o Pai e agradecer todos os dias a alegria e o orgulho de ele ser o meu.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Game Over man

És sempre assim "tão simpática"?
Sou
Caramba
Pois
Quem te tornou assim?
Tornaram
Serio?
Talvez
E ainda podes mudar sabes?
Não quero.
Foi mau
Foi má
Quem? Pensava que fosse plural
Pode ser
Estou confuso
Deixa lá
Queres ajuda?
Não. Não quero nada
Então?
Já quis demais
E vais ficar assim...?
Vou. Até me apetecer. Até me fartar de mim mesma
Triste?
Triste, chateada, mal disposta, e "tão simpática" como dizes.