domingo, 29 de janeiro de 2023

O adeus à travessa de São Lázaro

 


Foi assim que a brindei.
Passei meses, semanas, dias, horas e minutos de volta de caixas e caixinhas. Empacotei uma vida que era minha, da minha irmã, da mãe e do pai, dos avós, das tias, das primas. Empacotei uma casa de família, feita de sonhos, de desilusões, de doença, de choro (muito!). Empacotei com toda a força que me tem feito seguir em cada ano que passa, com toda a fé em dias felizes, com todo o amor com que se contrói casa e família onde quisermos.

Foi assim que brindei.
Brindei à vida, ao teto, ao lugar de conforto, ao porto de abrigo. Demorei a largar o quarto que via o pôr do sol e aquecia em todas as tardes. Um quarto que regista a pior lembrança até aos dias de hoje - “Maria a mãe não aguentou. Já não vamos a Lisboa. [silêncio de uma dor infinita]. Vou a Évora buscar a mana, ficas com a Marília?”.

Foi assim que brindei.
Às memórias felizes de festas numa sala de 70m2, aos sorrisos rasgados dos pais a dançar no corredor, ao dia em que entrei e uma cadela boxer minúscula se escondeu nas pernas do pai, às vezes sem conta que lavei a passadeira pelos xixis fora do sítio, às festas côr-de-rosa do jardim, aos almoços de grelhados, às chegadas da noite na madrugada fora, aos amores, às entregas de CTT.

Foi assim que brindei.
Respiro fundo com a certeza que dei tudo. Que a tratei com carinho apesar dos anos de raiva que lhe gritei sozinha sentada na escada que ia para o primeiro andar. Que a amei em cada cozinhado naquela cozinha branca e amarela com azulejos pintados à mão. 

Foi assim que brindei.
Reconhecendo o lugar onde já não queria estar. Aceitando que o livro precisa de um novo capítulo, de uma energia renovada, de uma nova vista para o mar. Aceitando que não posso assumir o peso dos sonhos e desejos dos outros. Aceitando que eu também mereço sonhar e escolher. De coração aberto ao que está por vir, sabendo que casa é onde queremos estar e, onde nos quiserem continuar a amar.

Obrigada casa cor de rosa, foi um gosto! Adeus <3

E agora vamos com tudo :)




Ps - Já tinham saudades da Maria lamechas sem precedentes? 

domingo, 4 de setembro de 2022

Joaquim Vaz de Oliveira

Joaquim.

Um dos nomes mais bonitos que já ouvi. De apelidos herdei o último, mas muitas vezes conversámos sobre o porquê de eu não ter o Vaz. Não sei o que as pessoas conhecem do meu avô nem que estórias viveram com ele que ficassem para a História, mas o que eu sei e vivi foi bonito. Tão bonito que me fez voltar a uma escrita adormecida há uns anos.


Quando olho para esta foto sinto gratidão. Sinto-a porque desde esse dia que nos foi concedida a possibilidade de criarmos memórias juntos, durante 36 anos. E, ainda bem que assim foi, todas elas são importantes para me preencher os dias. 

O Joaquim foi o único avô dos meus dias. Não conheci outro. O avô das viagens, dos árabes, das áfricas, dos Ray Ban, das canetas Parker, da pesca, do jornal do Fundão, do senhor abade e do ceguinho que saltava pelo pão com azeitonas, do Carvalhal, da salada, da fruta, da paciência, das voltinhas de triciclo e das idas ao circo chen onde comprava queijadas de sintra, pipocas e algodão doce.

A mim, pediu-me o mais dificil: que o acompanhasse à faculdade de Medicina porque queria doar o corpo à Ciência aos 82 anos de idade. Ri-me e disse-lhe que o fazia mas que não se preocupasse porque ainda duraria até aos 100! Sem diabetes, sem hipertensão, sem doenças crónicas além de depressões, questionei-me a rir sobre o que iriam estudar e saber sobre ele.

Viveu até aos 93 anos. Uma pandemia impediu que estivesse com ele durante os 2 meses anteriores à sua morte. Caiu na sala depois da sua sesta. Fraturou o femur e, numa transferência de hospital com o objetivo de ser operado, uma gota de gordura antecipou-se e invadiu-lhe uma artéria, levando a uma embolia.

Tenho saudades deste colo, destas mãos grandes cheias de manchas. Sabia-lhe de cor todos traços. Olhei muitas vezes de cada vez que me despedia dele para ir para Londres. Criei essa memória porque sempre receei que não esperasse por mim. De nada me valeu perante a pandemia.

Morreu no dia 7 de Abril de 2021, dia Mundial da Saúde e o seu corpo foi entregue à Faculdade de Medicina como assim desejou. No dia 14 de Junho de 2022 regressou para nós. Em breve sei que libertaremos as cinzas no seu Carvalhal em plena Serra da Gardunha.

A vida e o amor querem se livres.

Lembro as últimas palavras ao telefone no meu aniversário um mês antes, "A minha netinha. Saúde, sorte e algum dinheirinho para os gastos" <3



domingo, 18 de novembro de 2018

E chegámos aos 20. Fica o alerta.



Nunca imaginei que este dia chegasse. 
Nunca imaginei sequer estes sentimentos. 
Uns sentimentos que não se querem fazer sentir.

Há 20 anos atrás o meu mundo virou do avesso e, desde então, que nunca mais se endireitou.
Não se endireitam as escolhas, as relações, as profissões... 

Já alguém parou para estudar o impacto que a morte de um progenitor pode ter numa criança? E em que tipo de adulto se torna esta dita criança?

É que agora sou adulta. É que agora estou a apenas a uns quase 10 anos de distância da idade com que a minha mãe morreu. 

Os medos que me acompanharam e moldaram ao longo de 20 anos, tornam-se agora outros medos. Medo de nunca me segurar de novo, medo de passar por cá assim... sempre sentindo um desiquilibrio inquieto e doloroso. Porque por mais que pense que a ferida fechou, ela nunca parou de babar... umas vezes mais fechada, outras vezes totalmente exposta.

Há muitos anos, tinha a minha mãe desaparecido para aí há 2 anos e, uma senhora diz-me assim com ternura "ai menina, sei bem o que sente. A minha mãe morreu há 30 anos e é uma dor que não passa". E, eu lembro-me de pensar, "endoideceu... a querer comparar o que sinto, com o que ela passou há 30 anos!". Impressionante como sinto exatamente o que ela disse naquele dia. Para mim contam hoje 20 anos.


Mas este meu post não é um choro ou um desabafo amargo.
Não.

É apenas a minha luta partilhada. Pois eu sei que somos muitos a sentir o mesmo. E, da mesma forma que leio de outros e me ajuda a seguir, eu espero que outros sabaim que não estão sós, e que também os fortaleça.

Para as minhas amigas que são Mães, por favor cuidem da vossa saúde. Façam rastreios, façam análises. Vigiem para que as doenças silenciosas não rompam o vosso dia e mudem o rumo da vossa família. Não façam isso. 
Ela não era  fumadora, mas paras as amigas Mães que fumem, deixem. 
Às amigas Mães que conduzem, reduzam a velocidade. 
Às amigas Mães que dizem que não têm tempo, deixem a roupa para passar ou a casa para limpar, vão brincar com os vossos filhos.
Façam por viver muito e bem.
Abracem mais, beijem mais, riam mais.

A vida pára num segundo.
A dela parou por volta das 16 horas do dia 18.11.1998.

A minha desacelerou há 20 anos.

As saudades que tenho.

Fica o alerta.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O caminho - Em modo Variações.



Eu quero chegar lá aonde não cheguei. 
Eu quero aquele lugar onde não posso estar. 
Quero ver as pessoas que não consigo ver. 
Quero sempre dizer aquilo que acabo por não dizer. 
O querer mais no amanhã, daquele que não o é agora. 
Constantemente a desafiar a lei do caminho que deve ser o caminho. 
Uma maniazinha de furar mais ali na esquina ou de escolher aquele trilho que não era suposto. Aquela irritante teoriazinha do dar tempo ao tempo e tudo virá. 
Aquele insistir em mudar o rumo, quando tomo o lugar do António Variações e passo a estar bem onde não estou.

ahhhhhh vida, vida. Minha queria amiga. Companheira ciumenta do caminho.

Foram tantos e tantos os posts sobre regressar a Portugal. 
Tantos mas tantos. 
E regressei. 
Estou assim meio que a meio. Talvez se tivesse arranjado um lugarzinho ali na costa Francesa a meio caminho - Bordeaux ou Nantes... assim meio a meio, tivesse sido mais fácil!. 

Estou cá e lá que é para não sentir nem muito o regresso nem pouco a despedida.
E a vida tem sido tão vertiginosa que os meses estão a passar e ainda há tanto por alinhar. Mas é tão bom recuperar o ninho aos poucos. Recuperar aqueles almoços de domingo, o mar em frente, reconhecer os amigos que esperaram por mim e ainda me querem do lado. Mesmo aqueles que ainda não consegui ver e os novos que já fiz.
6 meses já contam novas estórias que já fazem história. E lá vem o Variações desalinhar os meus chakras.
E agora acrescento: LOL.
mean it!
Laughing Out Loud.

É que agora sei, que o que doeu ao longo dos anos foram apenas escolhas. Porque agora sei que escolhas trazem sempre um trade-off agridoce que nos fazem querer estar onde não estamos. Não existem lugares perfeitos, empregos perfeitos, pessoas perfeitas. E se não somos perfeitos,  como poderiamos exigir perfeição em tudo o resto?

E finjo ter paciência para a incerteza, para os medos que assaltam em vésperas de novas mudanças.
O meu avô Jo diz que isto é viver intensamente. Que assim seja. 

Porque fazer este caminho, tomando-o como garantido, é errado. A vida dá e tira num piscar de olhos. Há quem diga que a liberdade e a sabedoria são o melhor que se leva daqui. Que se leva não sei, porque a vida vai parar um dia, e eu não sei para onde vou, nem o que vou levar comigo. E se for para o céu como gosto de pensar, então vou lá ter tudo o que precisar e ver toda a gente que quero ver.

Mas, se for mesmo isso que se leva daqui, então que sejamos livres no ser, no estar, e que possamos guardar sabedoria suficiente para amar e querer. Que a vida é breve, e ciumenta.


ps - Escolhi esta fotografia tirada em Fátima porque primeiro, a adoro. Adoro a calmaria das nossas expressões. O descanso do lugar e da pasmaceira garantida que lá se viveu. Mas, também porque o ano 2018 é marcado por uma distância de 20 anos desde que a a minha Mãe morreu. E foram 20 anos que agora, a cada mês que passa, tento torná-los mais doces. A idade traz-nos alguma inquietude e um querer viver mais, mas também melhor. A mágoa e a dor ocupam-nos sempre demasiado espaço. 

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

A ida é uma Cambada de tentativas!

Sempre que vou a casa e diga-se casa, pois diz respeito a Portugal (e não, eu aqui não durmo na rua.... só não durmo em "casa"), é uma questão de tentativas. Ao fim de quase 9 anos, considero esta a melhor palavra para definir as idas - Tentativa.
Para as vindas, regressos ou voltas, eu sei lá... ainda não tenho. E penso que nunca irei arranjar.

Começa logo pela tentativa de fechar uma mala. Biscoitos para os avós, encomendas para as amigas, coisas para a mana, livros que se acumulam, roupas que são para levar etc etc etc...

Depois a tentativa de chegar a horas ao aeroporto mas tentar passar lá o menos tempo possivel para evitar (acho eu) uma tentativa de ataques nos corredores de check in ... Faço o check in online e se possível mala de mão para entrar meia que a passos largos e rezar para que a fila de controlo esteja curta.

Depois vem a tentativa de a companhia aérea estar dentro dos timmings. Seja British, TAP, Easyjet etc, Já esperei por todas. Não há reclamações porque desde que me levem inteira eu já estou agradecida.

E claro! Nunca lá chego sem antes considerar o voo uma tentativa de algo agradável e relaxante. Impossivel! O gin tonico ajuda mas não apazigua.

Depois à chegada há aquele frenesim e lá me esforço para segurar as emoções e tentar fazer de conta de que estava há anos sem lá voltar... sim, porque ninguém que vai a casa, muitas vezes com a sorte de ir de 3 em 3 meses, faz estas figuras. Mas é que eu sou mesmo de lá gente. Eu sou do mundo mas primeiro eu sou dali.

Sou mesmo.

E durante aqueles 8 dias, 5 dias, 15 dias, 3 semanas ou até duas noites apenas.... vem a pior de todas as tentativas - tentar ver e abraçar este mundo e o outro. É sem dúvida uma tentativa amarga pois há sempre tantos que ficam por abraçar... É uma correria tal que chego a ter pequeno almoço com esta, almoço com aquele, lanche com a outra e jantar com os outros. Já cheguei a não ter tempo de me sentar no sofá de lá de casa.

E por último.... a tentativa do ficar lá.
Para sempre.

Há 8 anos tentei. Há 7 também. E há 6, e 5, e 4, 3, 2, antepassado, este ano... e sim há mais empregos, e sim há mais tentativas. E o que a vida quiser de mim vai lá estar à minha espera.

O que a vida quiser de nós, vai lá estar à nossa espera.




terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O lado cruo da Enfermagem

Mas Há os dias do corredor.Aqueles de ajoelhar e pedir que não.
Aqueles do pedir por aquele milagre que não aconteceu mas nós temos de ser os últimos a deixar de acreditar.

Aqueles dias em que o chão e dois braços em volta das pernas são a melhor posição quando comparado a qualquer yoga ou pilates.

Em que Tudo o que dissemos soa a falso, a linha de livro, a diz que disse, a frase feita.

Não somos super heróis. Não somos Deus. Não somos fadas madrinha. Nem Budhas. Nem Alas. Nem Senhoras do Lemanjá.

Lado cruo.

êpêpêôs, prilimpim pins, abracadabras, levantar do chão e seguir na viagem.








domingo, 5 de novembro de 2017

Fala-me de gratidão



Quando coloco numa pesquisa de Google, "o que significa gratidão", são inúmeras as explicações em volta da simples frase qualidade de quem é grato. Depois leio "sabe mesmo o que significa?" ou o que "diz a Biblia sobre isso". A Wipedia diz-me que "gratidão é o ato de reconhecimento de uma pessoa por alguém que lhe prestou um benefício, um auxílio, um favor etc. pode ser explicada também como recognição abrangente pelas situações e dádivas que a vida lhe proporcionou e ainda proporciona". Mas o mais bonito vem mesmo desta uúltima fonte, gratidão é uma emoção. E eu como poço de emoção que sou deveria saber.

Falho e falhamos em muitas coisas na vida e cobramo-nos disso mesmo. Calculo que desperdiçamos mais horas a reflectir por tudo o que é mau ou correu menos bem, do que tempo a reflectir no que surgiu de novo depois da queda. Portanto, gratidão tem de surgir no bom e no mau porque depois do mau vem sempre uma aprendizagem e temos de estar gratos por ela mesmo.

Noto que antepassado pouco escrevi. Estava demasiado ocupada a estudar numa das universidades Top do mundo. Tinha demasiados planos e afins. Depois as expectativas caem, as oportunidades não se concretizam logo e eu pimba, lá venho devagarinho por aí abaixo.

Agradeci devidamente a coragem do meu esforço? Talvez não. 
Reconheci a oportunidade única? Talvez não.

Em posts passados, lamento-me de amores não correspondidos e de corações partidos. Alguns relacionados comigo, outros de situações escutadas. Falo de amor como senão houvesse mais oportunidades e pessoas para amar. Totalmente errado. Talvez se fossemos mais gratos por termos tido a sorte de privar com Y ou beijar o X, a nossa vida seria mais desprendida.

Reconheço em mim a maior dificuldade na gratidão. A de agradecer apenas 13 anos com quem me trouxe vida, à vida. Quem me conhece sabe que a morte para mim é como uma carta do Enforcado numa consulta de Tarot - uma barreira, é como um Tornado enforecido, é como uma flecha que depois de solta não recua, é como uma palavra que depois de dita já não se altera. Quem me conhece sabe que trago essa angústia e que, como católica que sou, é talvez a minha maior tortura de perdão. É o meu trabalho psicologico de vida. Perdoar esta ausência que me desiquilibra. Mas desde que reflicto mais sobre o que é a gratidão que de facto me venho a segurar no caminho, pareço mais alinhada e movida a sentimentos de puro agradecimento por uma infância pura e feliz e que me construiram enquanto mulher independente e rija como diz o meu querido avô Jo.

E agradecer a sáude? e agradecer a família? e agradecer os amigos? E agradecer o trabalho? a carreira? O sol, a noite, o hoje, o ontem, o que foi, o que passou, o que tem de ser, o que está por vir?

Eu defino gratidão não só como um reconhecimento ou emoção, mas sim como um dever. Devemo-nos isso. Devemos isso à vida. Estamos aqui e agora. São milhões sem sáude, sem família, sem um emprego, sem amor, sem dinheiro, sem segurança, sem direitos, sem sorte, sem luz, sem pertença, sem país, sem casa, sem nada. 



Amanhã virá e se for preciso começar de novo, começamos. Há os que defendem que quanto mais gratos estamos, melhor virá e ainda há os que dizem que quanto mais gratos mais livres.

Então, esteja grato pelo que tem hoje e agora. 
Eu vou esforçar-me por fazê-lo com mais frequência, façam também.

Com toda a gratidão pela vossa leitura


sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Ananás.


Numa sexta-feira londrina, com uma lua gigante, com 10 milhões de habitantes e fireworks ao redor, consigo caminhar para casa e sentir-me a pessoa mais sozinha nesta cidade, neste país, neste mundo.

Mas para cair, caio de pé.

Há quem diga que assim caem os gatos. E pelos vistos têm 7 vidas. Vamos em frente.

Na verdade, já não são as quedas que me magoam.. são as insistentes expectativas mal controladas.

São as fracções de segundo em que explode em mim uma restea de esperança que se perde no corpo como que um rastilho.
São as horas em que o coração me salta para fora do peito e me desaparece este peso que trago.
São os dias que perco a dizer a mim mesma para respirar, para não me entusiasmar, para segurar baixinho.

Depois a realidade. De novo. Não foi desta. E olha que é em tudo. O meu comandante das forças ocultas diz que a sorte dá trabalho, seja na carreira ou no amor.

E depois choro tudo o que há para chorar. Mordo as mesmas fronhas de almofadas pela noite a dentro. Tento meditar e agradecer o que tenho e o que conquisto. Saúde, o mais importante.

Amanhã seguimos de novo como um ananás:  de pé, com coroa e doce por dentro.



terça-feira, 20 de junho de 2017

O nada que somos é demasiado egocêntrico.





Choro pelos que perderam as vidas e pelos que vão ter de continuar sem eles. 
Choro pelos que estão exaustos e não conseguem chegar ao fim. 
Choro por um país que arde em força.

Como se recomeça?
Como se conduz pela mesma estrada?
Como se reconstrói?

É que dói tanto mas tanto ouvir uma avó dizer que "não está cá a fazer nada" e que "devia ter ido eu em vez das minhas meninas". 
Porquê meu Deus? 
Porquê assim?

E agora temos um país em alvoroço e a tentar encontrar culpados. 
Há revolta nas leis, no que não se fez, no que deveria ter sido feito, no como era antigamente, no naquele tempo é que era bem feito
Há anos e anos e anos que está errado mas não são horas de apontar culpados. 
A hora é de apoio, conforto, abraços e amor.
Porque a culpa é geral. 

Porque continuamos numa vida de interesse no MEU e no EU, antes do interesse no OUTRO. 

Constantemente me chamam a atenção porque penso demasiado no medo de morrer e na efemeridade da vida. Mas não somos nada e o nada que somos é um nada demasiado egocêntrico. A prova disso é o tamanho das barbaridades que se leêm aquando tragédias destas. E os exemplos são vários. Ora é o Presidente da República que está no local e abraça. Ou é a Ministra da Administracão Interna que se deveria demitir. Ora são os Bombeiros que não agiram bem. Ora são os civis que nunca deveriam ter saído de carro. 
O mundo tem demasiado falta de amor mas, acima de tudo, as pessoas deixaram de ter empatia para com o outro. As pessoas não se conseguem colocar no lugar do outro. 
Foi muito bom saber que o Presidente deixou tudo e que se dirigiu para abraçar. Precisamos de carinho. E a Ministra? Com certeza que teremos de encontrar culpados mas então teríamos de contemplar 30 anos de governos. Os Bombeiros? Para eles só tenho OBRIGADA. E as pessoas que infelizmente decidiram sair e arriscar? Com certeza que sentiram que isso seria o certo a fazer. Só peço a todas as forças do Universo para que não tenham sofrido e que tudo tenha sido um pequeno e rápido instante. 



E sim, temos de agir em breve. A população do interior é muito idosa e a agricultura e gado não contribui como há 30 anos atrás. Já para não falar nas alterações climáticas. Na vigilância. Etc. Tudo o que todos sabem...
Rápido. 
Mas todos nós. 
TODOS. 

Agora só posso mesmo contribuir monetariamente. Infelizmente não consigo ajudar nem como enfermeira nem como voluntária. Distâncias ingratas.

Sinceros Sentimentos a todos envolvidos em tamanha tragédia. 
Que a coragem e a perseverança no recomeço nunca vos falhe.









quarta-feira, 5 de abril de 2017

Moana

I know a girl from an island
She stands apart from the crowd
She loves the sea and her people
She makes her whole family proud
Sometimes the world seems against you
The journey may leave a scar
But scars can heal and reveal just
Where you are
The people you love will change you
The things you have learned will guide you
And nothing on earth can silence
The quiet voice still inside you
And when that voice starts to whisper
Moana, you've come so far
Moana, listen
Do you know who you are?
Who am I?
I am a girl who loves my island
I'm the girl who loves the sea
It calls me
I am the daughter of the village chief
We are descended from voyagers
Who found their way across the world
They call me
I've delivered us to where we are
I have journeyed farther
I am everything I've learned and more
Still it calls me
And the call isn't out there at all, it's inside me
It's like the tide; always falling and rising
I will carry you here in my heart you'll remind me
That come what may
I know the way

I am Maria!!!

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Women Inspiration




I have failed so many times in so many sectors in life. But I have gain so much after each fall that I cannot describe easily....  I am used to open windows after each door that is locked and I become very good at it!! I am sharing this video because I am not alone here, and because i know a lot of women that somehow, where part of my inspiration, for my aspirations! Some are no longer on this planet, and that is why I am making each day to count.
Each opportunity to grow.
One week to start a new chapter in order to gain knowledge and experience to create healthier opportunities to everyone.
To help overcoming some of the World Health problems.
To contribute to a better and healthier WORLD.
Amen.
So excited.

Eu falhei tantas vezes em tantos setores da minha vida. Mas eu tenho ganho muito depois de cada queda, tanto que eu não consigo descrever de forma facil.... Estou habituada a abrir janelas depois de se fecharem portas. E estou a tornar-me muito boa nisso!! Partilho este vídeo porque eu não estou sozinha aqui e porque eu conheço  muitas mulheres que de alguma forma, fizeram e fazem parte da minha inspiração para as minhas aspirações ! Algumas ja não estao neste planeta e é por isso que eu faco cada dia contar. Cada mudança ajuda me a crescer. Uma semana para começar um novo capítulo , a fim de adquirir conhecimento e experiência para criar oportunidades saudáveis ​​para todos. Para ajudar a superar os problemas de saúde Mundiais. Para contribuir para um melhor e mais saudável MUNDO. Amen.
(Teclado Ingles)


terça-feira, 2 de agosto de 2016

Lá em cima




Voar

Para quem quiser mas não para mim.
O stress que me invade de véspera, o fazer mala à última hora, o querer estar o menos tempo possível no aeroporto.
Já tinha medo. Mas o mundo tornou-o mais forte, mais efusivo, mais descontrolado.
E, hoje uma menina de uns 6 anos pediu-me tão delicadamente para ir à janela.. E aqui estou eu no lugar do corredor. Não posso ver nem mar nem terra nem nuvens. Acho que à janela posso ver os santinhos todos para que me segurem sempre até ao destino. Agora rezo para que pelo menos os hospedeiros me alegrem a vista e me distraiam no caminho. Sim, eu também sou das que não dorme. Fecho só os olhos. Sejam 2 horas ou 10 horas de voo. Então no último longo curso foram 4 filmes seguidos. 
Nunca me habituo. Nunca seria hospedeira ou capitã de uma nave destas. Jamais.
Então agora há sempre alguém que me parece fazer parte do Estado Islâmico ou de uma outra seita qualquer. Até consigo decifrar quem tem indícios psiquiátricos só pelo olhar! 
Alerta, alerta, alerta. 
Não me controlo. Mas o Gin Tónico a bordo controla-me. Só 1, mas resolve.
Há um abanico e lá olho eu para a queda das máscaras. Casa de banho? Tenho bexiga de enfermeira, aguenta. 
Depois penso, não posso ir já daqui embora, não é a minha vez. Tenho muito para fazer e muito para conhecer. E lá vou eu. E chego ao destino. Vou ser pássaro na próxima volta. Ou sucumbo à loucura da minha imaginação sem precedentes.

domingo, 17 de julho de 2016

Euro 2016


SOMOS CAMPEÕES EUROPEUS.


Passei dias e dias, semanas e semanas a defender o meu país. 
A defender 23 jogadores. 
A defender um treinador. 
A defender uma Seleção.
Mesmo quando tudo pedia um pouco mais de alma em cada jogo, eu aqui rezava e continuava cheia de fé.
Cansei-me de ouvir ingleses falarem mal de nós. 
Não calei enquanto alemães se diziam os maiores. 
Não hesitei quando os franceses se auto proclamavam campeões...

E depois pensei para comigo... deixai-os falar pois eles não sabem o que dizem.
"Este campeonato é nosso. Este tem de ser", a minha irmã não me deixa mentir. Desde o segundo jogo da fase de grupos, em que já uma grande maioria se interrogava, eu confiava.
"Até o Hino Nacional diz - que vai guiar-te à vitória....!", amigos ouviram dizer-me várias vezes.

E trouxemos a Taça.
OBRIGADA SELEÇÃO.

sábado, 19 de março de 2016

Comandante das Forças Ocultas: o Pai.




Hoje é o dia do Rei. Do meu mundo.
Hoje é o dia do Principe dos meus sonhos. Sim, porque para encontrar alguém como tu há-que sonhar bastante. Porque não pode ser só uma pessoa como Tu. Tem de ser um Pai como TU.
Não me lembro se me viste nascer ou se me deste a primeira papa. Mas sei que foste tu que ensinaste a maior parte do que sei e do que sou.
São memórias que perduram para sempre:

  • Andarmos de bicicleta ao fim de semana,
  • Rirmos às gargalhadas no jogo do sofá (aquele que eu adorava - em que eu me queria levantar e tu sempre a empurrar para trás de novo),
  • Fazermos pequenos almoços ingleses com cogumelos e ovos mexidos (mal sabia que era Inglaterra que nos manteria afastados),
  • Montarmos pistas de carros telecomandados, pistas de comboios de madeira,
  • Andar nas tuas "cavalitas" nos concertos ou em feiras,
  • Fazer saltos nas águas calmas de Sesimbra ou na piscina,
  • Vermos filmes de desenhos animados aninhados no sofá,
  • Montarmos puzzles,
  • Jardinarmos na rua os dois,
  • Pintarmos muros com cal,
  • Irmos juntos para a Escola,
  • Sentar-me ao teu colo e deixares-me conduzir agarrando no volante na rua da avó,
  • Pregarmos partidas,
  • Cozinharmos bolos ao fim de semana,
  • Irmos mil e quinhentas vezes ao Jardim Zoológico,
  • Teres ido comigo ao meu primeiro concerto: Bryan Adams em 1996.
  • Teres partido o espelho de carro ao sair à pressa de casa para virem esconder a minha futura mota...
  • Deixares-me mascarar-te..

...são tantas pai. E tão boas.

Podes pensar que só relatei lembranças de criança mas são as mais fáceis de manter porque se rasgam sorrisos no rosto e gargalhadas aqui sozinha!
Oxalá tivessem sido sempre assim.
O que eu daria para que não tivesses sido tu a dar-me a pior noticia de sempre. Precisarei de minhentas vidas para me esquecer de ti a entrar no meu quarto naquele dia.
Eu não queria ter ouvido.
Oxalá nunca te tivesse assustado em dia nenhum da tua vida. Entre acidentes, hospitalizações, operações... mas foi a vida a mostrar-nos como se criam laços e como cresce o amor.
Porque o amor só cresce quando começamos a perceber que não queremos viver sem essa pessoa.
E eu sei que um dia sou eu que vou ter de aprender a viver sem ti.
Mas preciso de muitas mais lembranças e momentos para que me fortaleças.
Precisamos de continuar a passar férias juntos e a celebrar as nossas vidas (Podes apontar pelo menos mais 40 anos).
Vais ter de me levar ao altar (Podes apontar só para isso... talvez 20 anos!)
Vais ter de embalar os teus netos (Para esta .... não sei avaliar o tempo!)
Vais ter de os levar às "cavalitas", vais ter de andar de bicicleta..
Ainda vamos ter muitos jardins para plantar!
Ainda vamos ter muitos muros para pintar!
Ainda vamos ter muitos anos para te amar. Para te continuar a amar.
És o maior PAI. Mesmo o maior.
OBRIGADA
Aproveita o teu dia.
Amo-te.



quarta-feira, 16 de março de 2016

The choice





Depois de mais um filme de Sparks no cinema, mais pensamentos ocorrem. Mais se desorganizam.
Ando aqui há dias aflita a tentar colocar ordem nisto.
A verdade é que nunca ninguém me olhou assim. Ou então eu nunca vi ou senti alguém olhar.
Tenho a minha resposta.
E encaixa em todos os atos falhados. Em todos os erros do percurso.
Realmente só nós mesmas é que nos deixamos enganar pelo caminho. Acho um máximo e, alivia imenso esta concretização.
Isto parece uma conversa tola mas a verdade é que chegar a esta constatação é fácil mas, entendê-la ou melhor, aceita-la... leva meses, anos! Porque vamos errando por aí fora. E, porque não somos todos iguais. E sim, há mulheres que não precisam de estar constantemente com um homem ao lado.

Acho que vou falar na primeira pessoa. Não sei se isto se aplica por aí. Há muitas relações que admiro, estimo e felicito.
Aquele olhar entre eles.
Já outros... também não sei a quem se enganam e porquê.
Por estes últimos, agradeço imenso esta minha independência.

Eu quero ser olhada. Um dia.
Admirada. Um dia.
E vou esperar. E vou deixar para mais tarde.
 Porque, por agora já me cansei das incertezas e dos medos dos outros.
Se aparecer que seja para ser, sem os "e se..", "acho que nos precipitamos", sem os "talvez" que são nãos bem claros, mas que só são descodificados quando já nos colocaram uns patins em linha.

Se não aparecer, numa boa. 
Efectivamente não pode acontecer a toda a gente.

Mas uma coisa é certa, se não querem, não insistam. O que decidirem, decidam com o coração.



terça-feira, 1 de março de 2016

As saudades que eu já tinha desta lamechice minha.


É mais ou menos assim. 
No dia seguinte a mesma rotina. 
Parece que este blog já não me auxilia no exorcismo desta nostalgia pegajosa. 
Não sei se existe a palavra no plural. 
Nostalgias. 
Também já não sei escrever português. No outro dia ouvi num programa de português que para nos referirmos ao pelo do cão, já não necessitava de acento circunflexo. Fiquei em choque. E sim, leu bem, pelo do cão. Nem sei o que dizer. 
Portanto, posso dizer Nostalgias. 
Plural. 
São várias. E regressam inesperadamente a cada fim ou começo de um ciclo. No meio dele e durante o mesmo lá me aguento. Mas ao início estou perdida e no fim... em pedaços.
Este ciclo tem sido longo. 
E este blog reflete isso. Uma ausência estupenda! Em 2011 escrevia em média um post por dia. Hoje, se escrever 1 no ano...
Às vezes a nossa concha é a melhor conselheira. Aprendemos a pedir-nos desculpas a nós mesmas. A cuidarmo-nos com mais carinho mas acima de tudo, com mais respeito.
Deve ser da idade. Exploro menos o meu livro aberto e trato melhor da minha introspecção. Introspecção com c ou sem c?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

World Cancer Day


Hoje é o dia em que o mundo inteiro honra a luta contra o cancro. 
Honra os lutadores. 
Honra os vencedores.
Honra os vencidos. 
Honra os que estudam para descobrir sempre mais. 
Honra os que curam. 
Honra os que cuidam. 
Honra os que angariam fundos. Honra os que doam. 
Honra os que se levantam. Honra os que percorrem os corredores incertos. 
Honra os que esperam. 
Honra os que rezam. 
Honra os que escutam. 
Honra os que amam. 
Honra os que nunca largam a mão. 

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Panda Maria do Kung Fu 1- 0 PPPNIQNEI

                                                       


Agora que os medos acalmaram, já é possível fazer piada. Tive a capacidade de herdar o bom humor do meu pai e avô. Tive a capacidade de herdar um lado desenrascado da minha avó. Tive a capacidade de herdar um lado de maluquice que ainda não percebi de quem.... pois qualquer pessoa normal que conheço teria chamado a polícia no 999 do Reino Unido. Mas eu como herdei esta maluquice de alguém... Não chamei. Tranquei-me uma noite inteira no meu wc provida de uma faca (a melhor que tenho, diria mais afiada!), do meu Mac, iphone, do passaporte, do BI, da carta de condução e dos cartões bancários! Ah! Uma almofada e uma mantinha.

Até aqui, já devem estar confusos com tanta parafernália ao jeito de sozinho em casa de Macaulay Culkin. Mas não, nada de confusões! Senti-me mais a Versão feminina do Panda do Kung Fu pronta a atacar o dito PPPNIQNEI!!

Pessoa Potencialmente Perigosa Não Identificada Que Não Entende Inglês.

Sábado passado, cheguei a casa por volta das 18h depois de mais um dia intenso na clínica. Entrei em casa e atravessei a escadaria da senhoria para me dirigir ao meu estúdio no último andar. A casa tem três andares e estava a ser toda pintada no seu interior. Mas não vi sinais de nenhum pintor nem do dono da empresa. A senhoria estava fora de férias e eles já andavam nisto há uma semana.
O combinado com a senhoria (que se ausentou na quinta à tarde) era que um senhor da sua confiança viria buscar o fofuxo do Kubush ( o cão - Parson Russell Terrier).
Tomei banho, jantei e pelas 22h venho para baixo para fechar todas as janelas da casa como sempre faço se a querida madame de Chelsea está de férias.
E pronto, saio da sala no escuro e pimba, o PPPNIQNEI APARECE!
Não fiz xixi pelas pernas, não colapsei mas senti que a minha vida estava a  poucos segundos de alguma coisa que não me parecia nada certo. Acho que utilizei as primeiras bad words desde há 6 anos. WHAT THE H*** ARE YOU DOING IN THIS HOUSE?
Claramente bêbado e fora de si começa por me oferecer bebidas, aproximar-se tipo pavão com uma prenuncia difícil de entender.
Por momentos pensei.. Ahhh o senhor que vem buscar o cão! Mas a Magda é uma Lady, esta criatura não se aparenta de seu conhecimento social!
YOU HAVE 2 MINUTES TO LEAVE THIS HOUSE, UNDERSTAND??
O PPPNIQNEI insiste a dizer que vai ficar. Corro para o terceiro andar e fecho-me no quarto. Apercebi-me que não tranca! Não tenho chave! E porque teria?? Não preciso nada disso com a Magda O PPPNIQNEI insiste a tentar abrir com uma voz de entoação estranha ao qual me gela por dentro. 
Começou a não ter piada mesmo!
Graças a filmes hollywoodescos, coloquei uma cadeira a segurar a Porta por trás! Uff, obrigada MacGyver!
Comecei a ligar à Magda mas não me lembrava para que país tinha ido, nem sabia o fuso horário! 
Porque não liguei à polícia? Pois é! "É uma excelente pergunta para queijinho".
O medo atrofiou-me os neurónios, a casa não é minha, não sabia se a Magda tinha permitido estar ali, não sabia se seria amigo do filho, sei lá!!
Sentada no chão da casa de banho com a faca do lado e lavada em lágrimas e soluços, esperei ansiosa durante horas pelo telefonema da Magda. E fui conversando via viber com a minha M. que na altura me mandou umas mensagens! O PPPNIQNEI andou durante horas para cima e para baixo, batia na porta, via-lhe os passos, ouvia coisas a partir lá embaixo, cantava e falava sozinho. Bêbado que sabe Deus! 
Às 6h fez-se silêncio. Coloquei tudo o que tinha num saco e com a faca na mão lá desci três andares a correr e saí para a rua!
Às 8h a Magda Lá me ligou em pânico com todas as minhas mensagens de voz  e confirmou aflita que não conhecia ninguém assim é que eu deveria chamar a polícia enquanto ela telefonava para o dono da empresa.
Tudo se resolveu às 8.30h. Escusado será dizer como! 
Na cozinha da senhoria encontrei álcool, droga, copos partidos etc.
Uma empresa de limpeza veio no dia seguinte e tudo se recompôs. Menos o meu à vontade e um tipo de mania da perseguição a cada regresso a casa ou enquanto na casa!
Já passaram 12 dias e estava a precisar de fazer piada disto! 

Conclusão: A senhoria chegou hoje e adorou as férias. Turquia by the way. O PPPNIQNEI foi despedido. O senhor do cão veio entregar o Kubush e finalmente o conheci ( um gentlemen como imaginei). A maluca aqui é que ficou a bater pior desta cabeça! Precisava imenso disto! 

Moral do episódio: se tem obras em casa, não diga que vai de férias! (O dono da empresa tinha contratado este PPPNIQNEI há apenas 1 semana!)

domingo, 6 de setembro de 2015

É já amanhã: 7 de Setembro de 2015


Existem algumas datas ao longo do ano que nunca esqueço e que me trazem a família ao redor. Por razões mais tristes e outras bem alegres! Aniversários, Natal, Dias de Falecimentos e partidas que nos marcaram, Páscoa, Festas por que sim, Inaugurações, Batizados, Casamentos, Momentos porque a vida é para se celebrar.
Mas o dia 7 de Setembro, é, provavelmente, a segunda data do ano que me fascina. Fascina pelo tradicional, pelo convívio, pelo cheiro do povo, pelos sorrisos do chegar, pela gratidão de mais um festejo, pela conquista de se estar vivo e presente naquele dia, pelos emigrantes, pelos reencontros, pelos que já partiram e são lembrados, pelos que nasceram e nos alegram por possivelmente continuarem esta tradição.
O dia 7 de Setembro. Dia do Senhor Jesus. Dia do meu Seixal. Do meu cantinho com vista para o mar. Da minha aldeia que me criou e largou no Mundo. 
Existem anos que por motivos de força maior, sejam elas quais sejam, a nossa presença só lá pode estar em espírito, em pensamento, mas com todo o amor por aquela gente. Dos mais ricos aos mais pobres. Dos mais alegres aos mais tristes. Dos mais velhos aos mais novos. Dos mais doentes aos mais saudáveis. Dos que cultivam mais arrelias aos que espalham o amor só porque sim. Estamos lá todos com um mesmo objectivo: manter a tradição de uma romaria familiar cheia de foguetes, procissões, voltas, comidinha e abraços. E, de joelhos, em frente ao Senhor Jesus agradecemos o ano que passou e pedimos novamente a benção e a protecção de outro que começa. Que assim seja para todos mais uma vez. 


sábado, 15 de agosto de 2015

o Papá

No mínimo, um filme de luta, boxe (o que lhe quiserem chamar) proporcionaria um momento de horror, impressão, vontade de virar a cara. 

A mim não.. a mim colocou-me a chorar por 3/4 do filme, no total.

Southpaw. 

Devo dizer que se trata de um filme de boxe mas mais para o lado do drama. Billy Hope, um lutador de boxe que perde a mulher, morta acidentalmente por um grupo rival, entra num mundo de drogas e álcool, acabando por perder a casa, carros e mais importante, a custódia da filha. O filme revela a verdadeira "luta" na reconquista da vida, da coragem, e da filha.

Não devo precisar de dizer muito mais para se perceber o porquê da minha choradeira.

A verdade é que dei por mim a refletir na vida, na morte da mãe e na vida do meu pai. Dei por mim a agradecer o verdadeiro lutador que tenho em casa. Um homem que nunca se entregou ao desespero que a dor de uma perda pode trazer associado. Um homem que nunca nos deixou e que nunca deu azes a que de alguma forma se coloca-se em causa a sua forma de educar ou de nos proteger. 

Não existem livros ou instruções. Mas deu sempre o melhor do Melhor.

Parece uma tontaria estar a pensar nestas coisas, ainda mais agora 17 anos depois. Mas talvez pela idade, pela angústia de só agora começar a perceber o que será de facto - perder alguém que se ama, com quem se tem uma vida, com quem se construiu um sonho, com quem se tem duas filhas pequenas, com quem de alguma forma era a responsável pela gestão da casa, da rotina. 

Eu não me lembro de como nos despedimos na primeira noite que dormimos os três sozinhos em casa sem a Mãe. Calculo que não tenha sido "Boa noite". Mas não me lembro. Talvez teremos ido cada um para seu quarto e não sei mais... mas a Mãe não dormia todas as noites ao meu lado. Dormia todas as noites ao lado do pai. Como será?

Eu não me lembro de como nos cumprimentámos nas manhãs seguintes e nas outras, e nos meses e anos que se seguiram. Sei que a vida passou e se reconstruiu e se reencontrou. Mais vale não se remexer.

Mas lembro-me, e, isso sim, de que não se falou durante muito tempo. Não se mexeu em nada durante muito tempo. Como se fosse um lugar proibido. Às vezes, muitas vezes, ainda o é. A emoção invade e arremata tudo. Arremata palavras, vontades, dizeres, sentimentos.

Resta-me e agradeço por estes filmes terapêuticos em que sentada no cinema sozinha posso libertar cá para fora tudo. Tudo o que faz dói dói.

Resta-me amar o Pai e agradecer todos os dias a alegria e o orgulho de ele ser o meu.