domingo, 21 de fevereiro de 2010

Distância

Cada dia é um dia, sempre soube. mas hoje não consigo dormir e por uma razão imensa de situações. Estou sentida, não triste, mas sentida. Distância. Não se controla, nem sempre se pode colmatar, evitar!
A minha querida avó perdeu o irmão dela. Um homem que viveu ao seu lado uns 90 anos... 90 anos? Poderei eu viver tudo isso ao lado da minha irmã? Se assim for, o que me interessa um ou dois anos de afastamento? Se não, como me custa estar longe. Mas a minha avó... como ela queria o meu abraço agora mesmo! Distância. Pura, insegura, insuportável! Queria abraçar-te agora Agostinha. Queria fazer-te sentir querida, desejada e amada como nunca. Quero que fiques comigo por muitos e muitos anos sem fim. Sempre ouvi dizer que os deuses só levam os que amam. Disseram-me quando a Mãe morreu. Fez sentido porque ela foi embora muito nova. E quando temos 90 anos? Porque ficamos tanto tempo? E porque todo esse tempo não é suficiente? Porque mesmo assim sentimos dor quando nos deixam? Ou porque nos deixam, nem sei bem...
O tio-avô deixava-me sempre ir lá a casa porque ele tinha muitos coelhinhos pequeninos. Ia com a avó para ajudar e perdia todo o tempo com eles ao colo. Antes iamos sempre ver a "cornélia". Uma porca que ficava num barraco bem à beira do terreno dos melões. Sempre chamei Cornélia a todas as porcas que os avós criaram... que riso! Nem sei bem porquê! Mas também não me lembro de mais nenhum nome.
O meu Pai, contou-me que o Tio Manuel costumava abrir um dos melões para ver se já estava pronto para colheita e que, quando era pequeno, durante um verão, foi talhando todos os melões da colheita para provar e ver se já estava pronto. O meu pai estragou parte da colheita nesse ano! A avó e o Tio ficaram doidos nesse Verão. Que riso só de imgaginar!
O Tio Manuel, já não ouvia muito bem, sempre que me via: "Maria Teresa, cuida bem dos teus doentinhos. Oxalá eles gostem sempre de ti. Tu és boazinha para eles?". Sempre me chamou Teresa.
 Hei-de falar de ti aos meus filhos. Agora vou dormir. O blogue é realmente saboroso quando queremos desabafar e partilhar este sentimento de pertença, de família, de carinho. 
Oxalá todas as enfermeiras tenham sido anjos de cabeceira nestes últimos momentos da Tua vida. Obrigada "Ti Manel" por preencheres a minha meninice.

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