domingo, 24 de outubro de 2010

Avó China

Avó China.
Faz hoje 12 anos que se foi embora. Dias confusos aqueles, a Mãe doente e a avó a terminar assim, num suspiro sem dor, felizmente. Foi a primeira pessoa que me fez perceber o que realmente é a morte. Até então nunca tinha perdido ninguém, não imaginava o que era a situação de não ver nunca mais.
O chamar de avó China era uma alcunha. Não sei qual das primas mais velhas começou por chamar mas aqui a caçula seguiu o exemplo. Com Ela aprendi algumas coisas, possivelmente todas herdamos o bom gosto. Sempre que era para comprar roupa e sapatos lá ia Ela para as ruas do Chiado com a Tia. Casacos pretos compridos e cintados, sapados fechados e com um saltinho atrás. De dia, cheia de tarefas em casa usava um avental só de cintura e o cabelo estava sempre armado num coc com um gancho tipo garfo de tartaruga ou qualquer coisa do género.
Foi numa tarde fria que cheguei da escola apressada porque me disseram que a avó estava esquisita. Lá foi para o Hospital com um AVC. Teve bastantes depois desse. Foram alguns anos a viver connosco em casa mas tenho a certeza que a fiz rir muitas vezes com palhaçadas e diabruras como Ela dizia.
Tenho saudades dela. Fazia uns ovos mexidos como ninguém!
Mas é de coisas assim que a vida é feita. A saudade existe porque aconteceu um dia, é bom e saudável!

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