sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Como é que se faz.

18 de Novembro de 2011

"Como é que se faz? Como é que se sobrevive? Como é que a vida nos deixa seguir mesmo sem tantas vezes ter vontade. Às vezes pergunto-me como se faz. Como é que me levantei no dia seguinte e caminhei no meio de toda aquela gente. Como é que voltei para casa. Como é que voltei a estudar, a comer, a vestir, a ir ao médico, a ir à praia, a mascarar-me, a crescer...a seguir.

Como é que se fez? Como é que continuei tantos anos. 13 anos. Hoje já somo mais um. Mais um sem te ver. Sem te cheirar. Sem te beijar. Sem te sentir. Tem sido sempre a somar. Há dias que parece que não passou nem um. Há dias que parece até que não te vi nesta vida, de tão distante que me sinto.
Hoje não quero escrever coisas tristes. E é por isso que escolhi esta foto. As pessoas precisam de se lembrar de ti. Não me interessa se publico isto para meio mundo. Só quero que saibam quem foste, quem és. Só peço dia após dia para que nunca te esqueçam. Assusta-me pensar que os anos passam tão depressa e que deixem de falar de ti.
Que deixem de saber a apaixonada que tu eras por Carnaval. Não falhavas um dia dos três de cada ano.
Que deixem de saber que adoravas praia, que o teu sonho era ter tido um peugeot cabriolet, que uma das tuas viagens favoritas foi a Bruxelas, que tinhas a melhor mão para a cozinha, que tinhas um gosto ímpar, que cheiravas a Trésor da Lâncome, aliás, que fazias colecção de frasquinhos de perfume dos pequenos (miniatura).
Que eras a Mãe mais carinhosa do mundo, a educadora de infância mais querida naquela escola.
Que gostavas de dar só porque era segunda feira.
Que adoravas vir a casa meia hora e fritar dois ovos estrelados om pão de ribamar e uma laranja à pressa e voltares para a escola.
Que adoravas Sesimbra e o restaurante do Sr Batalha.
Que adoravas vinho Muralhas, Lagosta e Cabrito.
Que eras fã número um de amarelo e do Sting.
Que eras a pessoa mais sardenta e com o sorriso mais branquinho que eu conheci.

Foste brilhante. Foste tão brilhante.
Ao longo destes treze anos, mil e uma pessoas se têm cruzado na rua para me vir falar de ti, de quem foste, do quanto eras importante e do quanto a tua figura lhes tem feito falta na vida. Não imaginas quantas!!

Não só na vida deles. Mas na minha. Todos os dias, todos os momentos.

Antes dizia que desde que tudo acabou eu nunca mais havia sido a mesma.
Hoje, penso diferente. Hoje sou diferente porque tu exististe na minha vida o tempo necessário para eu ser quem sou.
Não o suficiente mas o necessário para me fazeres feliz, para me fazeres mascarar todos os anos, não importa onde esteja ou com quem esteja, porque sei que estaremos as duas lado a lado, sempre, feitas palhaças.

Com todo o meu amor,
                                 Maria"

1 comentário:

  1. Estou sem palavras... mas tinha de escrever qualquer coisa. Mostrar-te que li e fiquei assim... sem palavras, porque tu as usaste com tamanho sentimento e sensibilidade que não sobra nenhum vocabulário neste momento. Todo é inútil e fútil perante este que tu acabas de usar.
    Gosto muito de ti. És linda! Como eu sei que a tua mãe era. Onde quer que esteja, está tão orgulhosa de ti!
    Um abraço "à Notting Hill gate". If you know what I mean... <3

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