sábado, 20 de setembro de 2014

Setembro de 2014. Pouco diferente a minha revolta.

                            
Mais um Setembro. Mais um regresso. 
Mais um final. De um verão "mal amanhado", de uma procura ansiosa, de uma explicação para a história, de uma aceitação de "crise".
Duas semanas a ouvir constantemente "não voltes", " não faças isso à tua vida", "estás doida, lá é que tu estás bem".
Aqui é que eu estou bem.
Aqui é que eu estou bem.
Ando a convencer-me disso há mais ou menos de uns três anos a esta parte.
Fez no passado dia 3, 5 anos em que fechei uma mala de 23 kg. E foi isso. 
Minto. Tinha mais 8 kg na mala de mão.
E lá vim eu, com uma mão na frente e outra atrás. 
A da frente procurava o caminho, incerto, medroso, sem ninguém do outro lado à espera. 
A de trás puxava o camião de sonhos que me arrastava até aqui. 
Há dois anos que encontrei um dos sonhos e sosseguei. Estava pronta para voltar.
Passou um Setembro, outro e outro...
Mas, aqui é que eu estou bem Maria.
Procurei outros sonhos.
Uns ficaram pelo caminho.
Arranjei outros para me manter. 
Mudei de direcção na profissão, embarquei e aqui vou eu em modo 300 à hora! Em recta acelerada. Talvez seja bom para o cv, pensei eu.
Tão bom para o cv que decidi que já tinha forças para voltar.
Voltar.
Decidi entregar o tão bonito currículo em Portugal.
Em cada sítio que entrei, esperei em média 1 hora pela enfermeira responsável. 
Não têm tempo, não têm pessoal, não param um minuto. Pararam dois segundos ou três para me ouvirem gaguejar entre um nervoso miudinho, de onde vinha e o que queria.
Acho que não vale a pena descrever as caras que se transformavam à minha frente. Parecia que queriam dar o delas para troca.
De cada sítio de onde saí, esperei em média 1 hora para me recompor dentro do carro. 
Não vai haver tempo para esperar, não vai haver lugar para colocar pessoal, não vai haver um minuto para ler pelo menos a minha carta de apresentação. Parei dois ou três segundos o choro e conduzi devagar pelas ruas de Lisboa. 
Fui vagueando entre as avenidas. Como é linda Lisboa.  Como eu queria viver ali. Ali tudo é tão meu. 
Eu adoro Londres. E vagueio muito por aqui também. Vou por aqui a pé a tentar. Vou persistindo diariamente. 
Há 1825 dias mais ou menos... Há que retirar o período de ferias!
Na quinta-feira a família teve um jantar.
Desisti do skipe. Não aguento mais ver a vida a passar a cores no ecrã do IPad.
Estou revoltada.
Porque todos querem sair e eu quero voltar.
Vou reformular.

Porque todos estão a ser obrigados a sair e eu sou obrigada a ficar.

E o que vai ser do país? Um país fantasma?
Admiro quem fica e quero juntar-me a eles. Mesmo que depois me arrependa, reconheça o erro e volte a partir para outro lugar no mundo. 
A primeira partida doeu, sarou mas ficou cá essa força se for preciso repetir.
Mesmo que tenha de encontrar novos sonhos.

Às vezes, à noite, cruzo os dedos, fecho os olhos e quero acreditar com muita força, de que o tempo possa segurar as pessoas que ficam por ver e abraçar, as palavras que ficam por dizer, as coisas que ficam por fazer, os momentos que ficam por viver.


                      

         





  

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