segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Exemplos que ficam para sempre. R.I.P. Brittany

Não gosto do facebook por razões que para o caso não interessam.
Gosto do facebook quando, estando longe, me aproxima, e me deixa fazer parte da vida dos que conheço e que gostaria de estar perto, diariamente.
Contudo, hoje, serviu para me informar de que Brittany Maynard, tinha decidido colocar fim à vida.
Confesso que desde então, comecei a tropeçar no dia, na vida, nas memórias. 

Fico assim por momentos a olhar para o ecrã sem saber exactamente o que dizer ou por onde começar. 
Para muitos um acto de egoísmo, para outros um acto de coragem. 
Não criticando os comentários nem tão pouco a Brittany, atrevo-me a dizer que se trata de um acto de liberdade. Liberdade de escolha. 
Egoísta? Também. Porque jamais, para uma família será leve, aceitar a partida de alguém que se ama. De coragem? E que coragem!

Segui de perto esta estória porque a descrição dos episódios médicos, das situações, do potencial desfecho e desfiguração... Me eram familiares em imagens e vivências. 

Para mim, esta rapariga foi de uma grandeza ímpar, una!

Para a maioria das pessoas que conheço, e a quem já abordei o tema Morte, em nada as afecta o pensamento de finitude mas sim, a questão de sofrimento e a forma como vão morrer.
Para mim afecta-me tudo o que esteja relacionado com a Morte. 
Afecta-me a finitude, a minha morte e a dos outros. Afecta- me deixar mil e uma coisas por fazer.
Ao contrário, não me assusta se vou sofrer, por mais incrível que isso seja.
Em tempos, a minha avó já se arreliou porque me considera uma mulher de fé, portanto não compreende o porquê de ter medo em morrer. O incrível é que para mim, uma coisa não invalida a outra.

Encontro-me ainda, muito em pedaços. E a tristeza que sinto mais uma vez,  ao ver uma rapariga da minha idade, com as mesmas potencialidades nesta vida, a desaparecer, só me traz momentos de reflexão bombardeados por uma angústia mal tratada.

Quando a meio do dia dei por mim a chorar encostada à parede da wc, deixei-me cair até ao chão e apertei-me com força de braços em volta dos meus joelhos. E agradeci. Agradeci por toda eu estar bem e saudável. Esqueci por instantes a mágoa que tenho em relação a mim, aos meus acontecimentos, ao meu mapa, às minhas decisões e ao meu destino. 
Naquele momento, soube, que o deveria fazer mais vezes. Que deveria continuar com a mesma fé na minha caminhada. Que por mais quedas e desanimos, que por mais contramãos ou fracassos, que por mais portas fechadas e trilhos, a vida ainda esta toda à minha frente. As decisões estão todas feitas. E o presente está aqui. De dia. Ao acordar. Ao amanhecer. Com alegria.
Do passado, vou cuidadando com carinho, trabalhando a perda e a saudade.
Do futuro, que venha com vontade.

Descansa em paz B.


                        





3 comentários:

  1. Não sei se o exemplo da Brittany é um exemplo de coragem, Liberdade, medo, desistência, cobardia... não sei, não sei e não consigo imaginar como é ou como se sentia e nem quero algum dia saber, perdoem-se se isto é ser egoísta. Felizmente não muitas vezes mas tb me deparo com doentes da minha idade (ou mais novos) com as minhas potencialidades e que estão muito doentes alguns com muito mau prognóstico. Sinto muito mas nesses momentos só consigo tomar ainda mais consciência do sortuda que sou por estar bem e é também nesses momentos que percebo que me preocupo e fico triste por coisas que realmente são insignificantes. Por isso Maria nestes casos apesar de ser uma noticia muito triste que sirva para sermos mais felizes aproveitar melhor a vida, ser mais alegres, fazer coisas novas, coisas diferentes, ver o lado positivo em sítios onde nos parece tudo mau e feio. A vida dá-nos coisas muito boas e coisas muito más cabe-nos a nós aprender a vivê-la. Mariazita força e energia muitos beijinhos

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  2. É tão isso minha querida Sandra! Este Natal temos de ir matar saudades com um cafezinho num lugar bonito em Lisboa :)

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