domingo, 18 de novembro de 2018

E chegámos aos 20. Fica o alerta.



Nunca imaginei que este dia chegasse. 
Nunca imaginei sequer estes sentimentos. 
Uns sentimentos que não se querem fazer sentir.

Há 20 anos atrás o meu mundo virou do avesso e, desde então, que nunca mais se endireitou.
Não se endireitam as escolhas, as relações, as profissões... 

Já alguém parou para estudar o impacto que a morte de um progenitor pode ter numa criança? E em que tipo de adulto se torna esta dita criança?

É que agora sou adulta. É que agora estou a apenas a uns quase 10 anos de distância da idade com que a minha mãe morreu. 

Os medos que me acompanharam e moldaram ao longo de 20 anos, tornam-se agora outros medos. Medo de nunca me segurar de novo, medo de passar por cá assim... sempre sentindo um desiquilibrio inquieto e doloroso. Porque por mais que pense que a ferida fechou, ela nunca parou de babar... umas vezes mais fechada, outras vezes totalmente exposta.

Há muitos anos, tinha a minha mãe desaparecido para aí há 2 anos e, uma senhora diz-me assim com ternura "ai menina, sei bem o que sente. A minha mãe morreu há 30 anos e é uma dor que não passa". E, eu lembro-me de pensar, "endoideceu... a querer comparar o que sinto, com o que ela passou há 30 anos!". Impressionante como sinto exatamente o que ela disse naquele dia. Para mim contam hoje 20 anos.


Mas este meu post não é um choro ou um desabafo amargo.
Não.

É apenas a minha luta partilhada. Pois eu sei que somos muitos a sentir o mesmo. E, da mesma forma que leio de outros e me ajuda a seguir, eu espero que outros sabaim que não estão sós, e que também os fortaleça.

Para as minhas amigas que são Mães, por favor cuidem da vossa saúde. Façam rastreios, façam análises. Vigiem para que as doenças silenciosas não rompam o vosso dia e mudem o rumo da vossa família. Não façam isso. 
Ela não era  fumadora, mas paras as amigas Mães que fumem, deixem. 
Às amigas Mães que conduzem, reduzam a velocidade. 
Às amigas Mães que dizem que não têm tempo, deixem a roupa para passar ou a casa para limpar, vão brincar com os vossos filhos.
Façam por viver muito e bem.
Abracem mais, beijem mais, riam mais.

A vida pára num segundo.
A dela parou por volta das 16 horas do dia 18.11.1998.

A minha desacelerou há 20 anos.

As saudades que tenho.

Fica o alerta.

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