quinta-feira, 4 de março de 2010

Zimbabwe

Há vidas que não mereciam ser vividas de certas maneiras.
"Zimbabwe Forgotten's Children", em duas palavras: Sofrimento intolerável!

http://www.eurekastreet.com.au/article.aspx?aeid=8136
As lágrimas correram-me pela face, foi inevitável. Aceitar que aqueles seres humanos eram actores não de um filme montado, encenado, mas sim, de uma realidade pura, bárbara, existente, foi angustiante. Uma realidade para quem quiser ver, por vezes impotente.
Cheguei do trabalho e liguei a televisão na BBC. Reportagem Especial no Zimbabwe. Crianças com 5 anos a tomar conta dos irmãos de um ano, a levá-los ao colo, a dar-lhes banho, de comer, a embalá-los, enquanto ao lado, a Mãe luta contra o VIH. Minutos depois apercebi-me que a Mãe tinha morrido e que a criança presenciara tudo. Vida para a frente. Vive com o tio neste momento e cria a irmã bebé. O tio deixa-as o dia todo fora de casa (Barraca de metal e pano) porque fecha a porta a cadeado. Não têm água nem comida. Adormece a bebé deitada à entrada agarrada à mais velha que chora com saudades da Mãe que morreu e da Irmã que fugiu para a cidade para viver nas ruas. E a miúda ainda diz com toda a maturidade: "Tenho muitas saudades da Mãe, queria que ela voltasse mas é melhor assim porque assim só tenho que cuidar da T."
"Queria ser como os outros e ir à escola..."
Mais à frente, o relato de duas irmãs que trabalham com o pai ou, para o pai. Lavam garrafas que apanham no lixo para as venderem e ganharem dinheiro. Passam horas nas lixeiras e montes a procurar pedaços de ossos para os vender no mercado. Não me perguntem que ossos, que mercado nem para que irao servir. Estava demasiado em choque para uma tradução perfeita!
"Não gosto do que faço, queria que a minha Mãe voltasse, queria ir à escola"
 "Eu rezo para que Deus um dia me ajude a ser uma pessoa com dinheiro para que eu possa comprar roupa e comida."
"Eu tenho medo que um dia as pessoas me encontrem e digam: ela está morta! ela está morta!"

ttp://www.churchtimes.co.uk/

 O que eu queria mesmo? Ter muito dinheiro e trazê-las todas comigo. Abraçá-las e mima-las até não haver fim. Porque tudo funciona assim? Porque existem pessoas que tiram partido destas vidas? Porque existem crianças nestas condições?
Eu sei que todas as catástrofes naturais implicam bastantes mortes. Mas porque só nessas alturas o mundo se mobiliza em campanhas e concertos de ajuda? Estas crianças existem o ano inteiro! Têm fome 365 dias por ano. Não sei o que diga ou que me é permitido dizer. Sim, porque toda esta reportagem foi feita secretamente. Sim, porque seriam perseguidos e executados se assim não tivesse sido. Que mundo? Os próprios ricos destes países não deixam mostrar esta pobreza. A própria guerra está dentro destas fronteiras africanas.
Se alguem tiver uma respota que me alivie o tormento comente, reaja, revolte-se comigo. Quero muito correr atrás destas crianças, destas vidas, destas realidades. Só espero que o sonho em me especializar nesta área vá, um dia, de encontro a estas necessidades.
Os meus braços e o meu colo vão chegar para todas as centenas, milhares de crianças que neles se queiram abeirar! Faria de tudo por um mundo melhor.

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