quinta-feira, 15 de abril de 2010

Adrenalinas e atropinas


Hoje foi mais um dia de estudo para amanhã. De novo, casos em que é estritamente necessário o uso do desfibrilhador. Revisões de todos os traçados cardíacos e das drogas que devo ou não usar durante a paragem cardíaca.
Quando fiz a pausa kit kat a meio da tarde (contribuindo para as placas de gordura nas minhas artérias. Sim, porque eu não contribuo só para as coxas eheheheh), dei por mim a lembrar-me de alguns episódios caricatos durante estes meus três anos de enfermeira. 
Então viajei 2 anos e, fui directamente ao meu primeiro dia de trabalho no hospital de Peniche. Havia uma senhora com um bloqueio cardíaco de III grau (isto não interessa nada...) e, o seu frágil coração batia a 29, 30, 31... por minuto, quando deveria bater entre 60-100 bpm! Então, fui de ambulância com duas seringas carregadinhas de atropina não fosse o caso da senhora complicar durante a viajem. Ai, eu estava tão nervosa que, só de me lembrar desse dia tenho arrepios. O engraçado da coisa foi que me apercebi de que se falasse muito com ela durante o caminho, o coração aumentava o ritmo para 40 e às vezes 44bpm. Ora aí fui eu até ao Hospital de Santa Maria a cuscar toda a sua vida! E fui e regressei com as atropinas no bolso porque ela lá se aguentou!
Lembro-me também que durante o tempo que trabalhei no Instituto Português do Sangue aconteceram peripécias engraçadas com dadores, especialmente aqueles machos corajosos dos quartéis da Força Aérea Portuguesa! Machos, machos mas só de corpinho... heheheh Era vê-los a tombar depois da dádiva. Mas era compreensível, muitas vezes nem pequeno almoço haviam tomado e já tinham dado três voltas ao quartel.
Outra situação fui quando trabalhei nas urgências em Torres Vedras e, pela primeira vez na minha vida vi uma linha isoeléctrica, que significa que a pessoa está em assístole, como se vê e ouve nos filmes aquele piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii....... que quer dizer que a pessoa morreu. Era um gajo novo. Às 4h da manhã num acidente de automóvel. Nunca me hei-de esquecer daquela noite, daquela imagem. 3 minutos depois, entra o amigo. E nada a fazer mais uma vez. É difícil de digerir... deixa marcas.
Enfim, poderia ficar a noite toda a contar histórias. Mas tenho de ir estudar, se conseguir. Apetecia-me ir brincar, lol

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