segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Amor e outras conclusões

Cheguei a casa com a sede imensa de escrever.
Percorri todo o caminho de autocarro até ao local da explicação completamente absorvida no novo livro que estou a ler. No regresso, foi exactamente a mesma coisa.
Ficarei à tua espera é o nome da preciosidade que carrego nas mãos a cada viagem de bus. E, pertence a Michael Baron que, pelos vistos é um pseudónimo de um escritor famoso. Gostaria de acreditar de que se trata de Nicholas Parks mas tenho algumas dúvidas. No entanto, este pseudónimo escreve sobre o amor e a perda de uma maneira sublime. Perfeita. Revejo-me a mim e a alguns dos meus em muitas das páginas.
O romance fala sobre um homem que perdeu a mulher e tem um filho de dois meses para criar e uma filha adolescente fugida. Mais não digo para vos deixar o bichinho e comprarem o livro. Além do mais, também ainda não sei o final da estória (avisaram-me para escrever história com h apenas quando quero falar de história/passado propriamente dita).
É impressionante como os livros nos transportam para mundos já vividos ou por viver, mas transportam-nos.
Ao ler sobre este homem - pai, não posso deixar de pensar no meu pai. Que medos e anseios lhe passaram pela cabeça quando se viu abraçado com uma adolescente e uma pré adolescente para criar? Refaço a frase: Para criar sozinho? E quais as dúvidas que lhe surgiram quando se apaixonou outra vez? E como é recomeçar? Ou melhor, começar do zero. Escolher sozinho, optar sozinho, decidir sozinho. Fui eu suficientemente boa filha tornando-lhe as decisões menos difíceis? Fui capaz de lhe proporcionar poucos momentos de ansiedade? Dúvido. É claro que não. Quando digo que ele é o meu mais que tudo, o meu exemplo e o meu maior orgulho em existir é precisamente por isto. Não queria outro pai a proteger-me. Tenho a certeza de que a minha irmã pensa exactamente igual.
E quando lhe surgiu um novo amor?
Como será a sensação inevitável de pensar que poderá estar a trair a mulher que lhe roubaram sem que quisesse?
A vida é tão estranha. Tenho a certeza de que nunca parei para pensar nisto. Nem sei se algum dos leitores já pensou.
É claramente sabido que se estamos casados não andamos propriamente disponíveis à procura de outras mulheres/homens mas, sabemos de antemão que somos seres humanos e precisamos de um companheiro para dividir alegrias e tristezas. E então? Não deveremos seguir caminho? Não teremos de dar oportunidade a outro amor? É claro que sim. A mim parece-me como quando somos jovens, apaixonamo-nos e amamos de novo a cada desilusão ultrapassada e, o amor pelas pessoas fica mas de uma maneira diferente. Quando perdemos alguém é assim. O amor volta a acontecer mas não quer dizer que se esqueceu o passado, somos é abençoados por poder viver mais um grande amor.
E para quem chega à vida das pessoas a quem o outro desapareceu? Como evitar de pensar que não nos vão simplesmente ver como um substituto? Aqui só posso dizer duas coisas: maturidade e respeito. Por parte de quem chega e por parte de quem recebe.
De todo o mal que me aconteceu, só posso dizer que felizmente os anos só me têm trazido bons momentos. E que, a vida segue. SEGUE mesmo.

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