quarta-feira, 17 de novembro de 2010

where are you

Eu nesta altura do ano ando sempre meia avariada mas chegar ao ponto de adormecer nunca me tinha acontecido.
Ontem chamaram-me de urgência para o Hospital às 22h e lá fui fazer noite. Hoje com explicação às 13h quem é que se levantou da cama? Acordei às 13h10m. Ai que raiva!
Nunca tal me tinha acontecido e agora estou toda aparvalhada.
Está um frio terrível e o meu pensamento vagueia à solta perdido na cidade. Mais 20 minutos e fica noite escura e os meus fantasmas assaltam-me a memória.
Hoje é um dia feliz porque a minha amiga M. faz aninhos mas nunca deixo de pensar o que estava a fazer há uns anos atrás. É me impossível não lembrar, não reviver, não massacrar e amassar a ferida.
Quando serei crescida o suficiente?
Quando serei forte o suficiente para lembrar sem dor?
E aceitar e seguir...


"Há doze anos por esta hora já tinha chegado da escola. Era suposto ter ido a Lisboa ao IPO visitar-te.
Mais uma vez Mãe, os testes, as notas, a escola falaram mais alto. Eu acho que, ou não queria ver ou não percebia o que realmente se passava contigo. Reconheço que talvez nem me passava pela cabeça que ao dia seguinte já não estarias entre nós e aqui comigo.
Se soubesse juro que teria feito tudo tão diferente.
Tinha ido ter contigo e tinha-te tirado daquele quarto horrível. Tinha-te levado a passear e nunca te tinha largado um minuto que fosse. Tinha abraçado até me perder e tinha memorizado a tua cara, a tua voz, o teu perfume se se se se se....se soubesse que nunca mais te via ou ouvia.
Ui como me dói ainda. Como está acesa a tua ausência.
O destino não foi nada generoso connosco.
Poderíamos ter prevenido?
Doíria menos se me tivesse despedido de ti?
Onde andas tu?
Como te estava a contar, há estes anos todos atrás, fiquei em casa. O pai seguiu sozinho para te ir ver. Combinei com ele e contigo que iria amanhã, portanto dia 18.
Naquele tempo se não me falha a memória estávamos numa quarta feira. Acertei as pontas do cabelo, estiquei-o na cabeleireira e estava quase pronta para ir com o papá para Lisboa quando o ouvi chegar a casa e entrar no meu quarto. Já te devo ter contado isto minhentas vezes. Mas recordar é a única coisa que ainda posso fazer e ninguém me cobra por isso. De uma maneira ou de outra faz-me ter-te mais perto.
Nessa quarta-feira já não fui.
E fará amanhã 12 anos que te foste não sei para onde.
Nunca mais te vi e não cheguei a tempo de te dizer adeus e de te gravar na memória para todo o sempre.
Hoje, às vezes é difícil concentrar-me para sentir o teu cheiro e imaginar como serias se aqui estivesses. Com certeza que se calhar nem em Londres estaria agora aos soluços e a vaguear.
Oxalá não te tenhas ido embora por completo. Oxalá ainda por aqui andas a meu lado.
As saudades são imensas.
Mas vou seguir... beijo doce como tu*"

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