domingo, 12 de junho de 2011

Someone I lost.

Podes perder muita coisa na vida. Perder o autocarro e chegares atrasado ao trabalho. Podes perder a carteira e ficares irritada/o porque vais ter de fazer todos os cartões de novo. Podes perder livros, deixar camisolas nos balneários, perder aviões e aquele CD dos The Cure que te deram naquele aniversário. Mas, perder alguém não é como perder uns chinelos na praia. É muito pior. É três mil vezes pior. É tipo quando a onda do mar vem e desfaz a tua pegada para todo o sempre. É tipo aquela sensação quando o concerto da tua vida acaba e sabes que não voltarás a assistir. É tipo aquela distenia quando regressas das férias de volta ao trabalho.
É tipo, é tipo, é tipo... mas não tem mesmo nada a ver.
Perder alguém é muito mais que isso. É três mil vezes mais. É não te deixarem abraçar mais, é não te deixarem beijar mais e é pura e simplesmente não quererem que sigas por ti.
É abrirem o teu peito ao meio sem anestesia e mexerem lá dentro até te enrolares na cama de tanta dor. É ficares angustiado com o teu próprio choro. É vomitares de tão embrulhado que te sentes. É quereres desistir porque nada faz sentido.
Perder alguém é retirarem esse alguém sem te pedir permissão, é arrombarem o teu cérebro sem licensa. E olha que ficas anos e anos à deriva. Ficas mesmo.
Não arriscas para mais nada. Não te mostras para mais nada. E, deixem que vos diga que é por isso que pareço uma deprimida. Não sou. É tudo por já ter perdido alguém da maneira mais abrupta que alguma vez podia imaginar. Fiquei sem chão, sabem? Fiquei sem colo, sem quem me passe a mão no cabelo e me dê um beijinho ao ir dormir. Fiquei sem um abraço. Não abracei mais assim. Acho que nem sei. Provavelmente irei baralhar-me toda de sentimentos estranhos. Fico gelada se alguém se achega.
É assim.
Perdes um autocarro e vem outro 7 a 10 minutos depois. Os cartões demoram para aí uns dois meses até estarem todos prontos. Carteiras é o que não falta. Viajens de avião poderá saír mais carote. CD? Agora até já se põe nos mp3.
A minha perda já me custa há quase 13 anos. E, não a consigo recuperar. Por isso me esforço para concentrar as minhas forças em tudo o resto. Na família, nos amigos, no emprego. Um dia quando tiver a coragem de mostrar-me para amar, tenho a certeza que vou em muito, ajudar a sarar a ferida no meu peito. Até lá sou feliz assim, os medos não me ocupam, só me consomem algum tempo em que poderia estar a aproveitar. Um dia alguém poderá ter paciência e esperar. Why not?

Sem comentários:

Enviar um comentário