quarta-feira, 7 de março de 2012

OBRIGADA: Um aniversário sozinha a aproximadamente 2.169km de casa


7 de Março de 2012

Hoje agradeço por estar a trabalhar 12 horas. Vaguear pela casa e capacitar-me de que os meus mais que tudo não estão do meu lado seria bem pior. Portanto, não há velas. Não há bolo. Não há sopros nem choros. Não há depressões ou tristezas. Não há desgostos nem incertezas. Apesar de parte de mim estar ainda ressentida com acontecimentos da vida, da minha e de quem eu estimo profundamente, não há lugar para ficar triste. Não há espaço portanto. Por mim e por quem também mo pede para não haver (que eu sei.).

Ontem à noite, ainda senti aquela ansiedade por fazer anos. Vou senti-la sempre. Os meus pais sempre estimaram e preservaram essa adrenalina. Fizeram festas maravilhosas a cada ano, ofereceram presentes magníficos e especiais, fizeram montes de coisas em jeito surpresa, decoravam a casa minhentas vezes para as ditas festas, convidavam todas as pessoas que eu desejava ter comigo, íamos ao carrefour só para escolher um tema e comprar copos, pratinhos, gomas....fui muito mimada, mesmo muito amada!

Depois dos resultados brilhantes que recebi da Universidade, a sensação que me invadiu foi de uma força brutal, de um querer sem igual. De uma liberdade incondicional e, de um orgulho por mim que desconhecia.
Durante os últimos anos, enquanto me conheço como gente, sempre me senti menos. De menos. De menos em tudo. Porque eles são mais magros, porque ela é mais bonita, porque ele é mais inteligente, porque ela é mais forte, porque ele é mais estudioso, porque ela é mais e mais e mais.. Nunca percebi que nunca fui de menos. Também nunca percebi que nunca fui demais. Fui apenas diferente. Um diferente que não pode e não deve agradar a gregos e troianos. Mas, que hoje, a partir de hoje, me está a agradar a mim. Que me vai agradar a mim. Que me vai permitir dar largas a toda a minha imaginação e coragem para arriscar e continuar, seguindo e tentando deixar de lado aquele olhar para trás persistente e sombrio.

Dei por mim a pensar que larguei as "calças" do pai aos 22 para ir para cabo Verde e, aos 25 já estava em Londres de malas por desfazer. Trazia sonhos na bagagem que me quebraram até há bem pouco tempo. No entanto, um Diploma já cá canta, uma experiência como chefia, uma bagagem de auditorias hospitalares e, um melhoramento profundo no meu olhar para a enfermagem, um carinho mágico pelos meus doentes. Prova disso, todas as flores, presentes, cartões para gastar em lojas que me deram, direcionados a mim! Fora todo o dinheiro recusado por circunstâncias da minha pessoa e sem remorsos! Contudo, também já cá cantam facadinhas nas costas. Muitas mais do que alguma vez havia vivido ou experienciado. Já são 28 velas. Talvez isto seja crescer, amadurecer, tornar-me uma mulher mais forte. Mas, na verdade, é difícil lidar com o ser humano. É difícil perceber que são corruptos, pobres de espírito, sem valores e que, então no ambiente de trabalho, passam a vida em competição, com uma inveja que ainda me aflige e perturba.

Tantas e tantas coisas que preenchem cada ano até ao novo aniversário. Novas paixões, novos desgostos. um vai e vem indeciso. Um perceber atribulado de que "só mora quem veio para estar cá (...) só para quem quer permanecer em nós". Mas, a idade também nos revela a serenidade necessária para começar a colocar tudo isso para trás, para aquele lugar que não pretendo voltar a olhar. Não que seja sombrio, mas porque já todos estão encaminhados e ocupados e tratados. Daqui em diante surgirá de novo para mim, numa ventania forte e avassaladora como sempre me atinge.
Podem passar quinhentos mil aniversários mas deixar de amar, de sentir, de dar, de partilhar, de criar borboletas ou de ficar com fastio por meses não será com certeza algo de que pretendo prescindir.

Que os 28 me tragam a possibilidade então de ir para a Índia, Costa Rica, Uganda ou sei lá eu onde...
Que os meus amigos permaneçam comigo perto em pensamento ou em pessoa e que, igualmente como a minha família,  possam continuar a apagar velas por skipe, a deixar mensagens no facebook, a mandar emails ou o que for, mas, que todos à distância de um clic possamos festejar vivos e presentes.

Os meus parabéns e o meu sopro de velas invisível é vosso também :)

ps- e para Ti mamã que nunca te esqueço, o dia também é vosso! (teu e do pai)

1 comentário:

  1. Aqui vai o meu sopro para te ajudar a apagar as velas e pedir um desejo!Estarei sempre contigo, a partilhar tudo...Farei parte da tua história;)Um brinde a ti amiga Mary!!

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