domingo, 5 de novembro de 2017

Fala-me de gratidão



Quando coloco numa pesquisa de Google, "o que significa gratidão", são inúmeras as explicações em volta da simples frase qualidade de quem é grato. Depois leio "sabe mesmo o que significa?" ou o que "diz a Biblia sobre isso". A Wipedia diz-me que "gratidão é o ato de reconhecimento de uma pessoa por alguém que lhe prestou um benefício, um auxílio, um favor etc. pode ser explicada também como recognição abrangente pelas situações e dádivas que a vida lhe proporcionou e ainda proporciona". Mas o mais bonito vem mesmo desta uúltima fonte, gratidão é uma emoção. E eu como poço de emoção que sou deveria saber.

Falho e falhamos em muitas coisas na vida e cobramo-nos disso mesmo. Calculo que desperdiçamos mais horas a reflectir por tudo o que é mau ou correu menos bem, do que tempo a reflectir no que surgiu de novo depois da queda. Portanto, gratidão tem de surgir no bom e no mau porque depois do mau vem sempre uma aprendizagem e temos de estar gratos por ela mesmo.

Noto que antepassado pouco escrevi. Estava demasiado ocupada a estudar numa das universidades Top do mundo. Tinha demasiados planos e afins. Depois as expectativas caem, as oportunidades não se concretizam logo e eu pimba, lá venho devagarinho por aí abaixo.

Agradeci devidamente a coragem do meu esforço? Talvez não. 
Reconheci a oportunidade única? Talvez não.

Em posts passados, lamento-me de amores não correspondidos e de corações partidos. Alguns relacionados comigo, outros de situações escutadas. Falo de amor como senão houvesse mais oportunidades e pessoas para amar. Totalmente errado. Talvez se fossemos mais gratos por termos tido a sorte de privar com Y ou beijar o X, a nossa vida seria mais desprendida.

Reconheço em mim a maior dificuldade na gratidão. A de agradecer apenas 13 anos com quem me trouxe vida, à vida. Quem me conhece sabe que a morte para mim é como uma carta do Enforcado numa consulta de Tarot - uma barreira, é como um Tornado enforecido, é como uma flecha que depois de solta não recua, é como uma palavra que depois de dita já não se altera. Quem me conhece sabe que trago essa angústia e que, como católica que sou, é talvez a minha maior tortura de perdão. É o meu trabalho psicologico de vida. Perdoar esta ausência que me desiquilibra. Mas desde que reflicto mais sobre o que é a gratidão que de facto me venho a segurar no caminho, pareço mais alinhada e movida a sentimentos de puro agradecimento por uma infância pura e feliz e que me construiram enquanto mulher independente e rija como diz o meu querido avô Jo.

E agradecer a sáude? e agradecer a família? e agradecer os amigos? E agradecer o trabalho? a carreira? O sol, a noite, o hoje, o ontem, o que foi, o que passou, o que tem de ser, o que está por vir?

Eu defino gratidão não só como um reconhecimento ou emoção, mas sim como um dever. Devemo-nos isso. Devemos isso à vida. Estamos aqui e agora. São milhões sem sáude, sem família, sem um emprego, sem amor, sem dinheiro, sem segurança, sem direitos, sem sorte, sem luz, sem pertença, sem país, sem casa, sem nada. 



Amanhã virá e se for preciso começar de novo, começamos. Há os que defendem que quanto mais gratos estamos, melhor virá e ainda há os que dizem que quanto mais gratos mais livres.

Então, esteja grato pelo que tem hoje e agora. 
Eu vou esforçar-me por fazê-lo com mais frequência, façam também.

Com toda a gratidão pela vossa leitura


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