sexta-feira, 9 de abril de 2010

Meu Quarto

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Estava aqui deitada na cama com o computador à frente e a pensar nas saudades que tenho do meu quarto, na casa do meu pai.
Aquela pequena divisão de que tanto o meu pai se queixa por ter ficado pequeno quando acabou de construir a casa, é um dos meus mundos. E, gosto dele assim.
Aquela ideia de ter casa de banho privada lá dentro sempre foi maravilhosa, principalmente aos domingos de manhã quando comecei a sair à noite! Silenciosamente recuperei ressacas!

Mas fora de brincadeira, sinto falta daquele meu mundo.
Já são quase 15 anos de vivência lá dentro e, a relação é de muita cúmplicidade. São muitos os segredos escritos, vividos, pensados.
Já foram muitas as noites sem dormir sentada no chão encostada à cama. Outras em que o choro me tomava e, mordendo a almofada de desespero ali pernoitava...
Por vezes, a M., quando chegava à 6ª feira para fazer as limpezas tinha ataques de pânico porque de uma semana para outra eu era capaz de trocar toda a mobília e a disposição da mesma!
Lembro-me, durante a adolescência de comprar giz que brilhava no escuro e, cada amiga ou amigo que lá ia a casa escrevia uma frase na parede ou fazia um desenho. À noite, adorava admirar as paredes com todas aquelas dedicatórias. O bom, era que durante o dia nada se via e, portanto nem o pai, nem a M. discutiam por sujar as paredes! Pior foi, um dia que a M. lavou todas as paredes e, à noite ia-me dando um treco porque estava tudo às ondas. Foi completamente alucinante aquele brilho no quarto! No dia seguinte, andei a apagar e a acender a luz vezes sem conta até a M. conseguir limpar tudinho. Ainda me rio só de me lembrar do ar dela a pedir-me para nunca mais voltar a fazer aquilo!
Depois existiram aquelas horas perdidas com amigas à conversa ao som de boas músicas, existiram risos perdidos com a Nelly e a Anouk (minhas cadelas) quando se queria coxilar um pouco.
Sempre tive muito hábito de escrever, escrever, escrever e, aquele meu quarto batido de sol sempre foi um grande refúgio. Já escrevi centenas de cadernos na minha cabana.
Tenho saudades do cheiro, da cor, da madeira no chão, das janela e da luz a entrar.
Já desesperei lá dentro, aliás, foi ali que soube da pior notícia que alguma vez me podiam ter dado. Foi precisamente naquele chão que o meu pai caiu de joelhos no dia em que me revelou que a minha mais que tudo se tinha ido embora sem se despedir de mim...
... aquele meu quarto se falasse... ui!
Mas é espectacular, cheio de fotografias mesmo ao meu jeito e, sempre muito MEU. Só meu.  

1 comentário:

  1. Então foi essa energia toda que me acolheu naquela noite já quase há um ano, em que lá dormi contigo e não parava de dizer que estava tão aconchegada. Lembras-te?
    Obrigada :)

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