Tinha doze anos quando cheguei de um acampamento com a mana, à noite, cansadas de uma semana de aventuras no Paúl. E lá estava ela tão pequenina e com um galo na cabeça. Escondeu-se entre as pernas da minha Mãe. Estava assustada com tanta gritaria e excitação vinda por minha parte e da mana. Que loucura aquela. Ela era um máximo, cor de camurça, com uma risquinha branca ao meio e um focinho de querer apertar até não dar mais.
Os pais todos babados pediam-nos para ter calma porque ela era muito pequenina. hahaahha
Não me lembro de os ver tão babadinhos por aquele tesouro. Até luzinhas de presença compraram para pôr em casa, nas fichas, para que o cachorro não tivesse medo do escuro! Ai que delícia de tempo aquele.
Pois então, crescer com a Nely foi o melhor que podia ter acontecido em toda a minha adolescência.
Tirando todas aquelas partes chatas de limpar o xixi e o cocó ao início até ela aprender ou as portas todas mordidas ou os óculos da mana no lixo. Mas muitas foram as galhofas que nos proporcionou!
Uma vez, a mãe tinha carne preparada para servir, tirou do forno e pousou em cima da bancada da cozinha, cinco minutos depois, estava a ser o almoço da Nely. Os gatos da vizinhança desapareceram durante anos, as minhas barbies foram muitas vezes mutiladas, o lanche que não comia na escola servia para ela.
Ao jantar, ela sentava-se muito direitinha ao lado das nossas cadeiras, olhava assim muito tímida e pestanejava com um fiozinho de baba a cair. Surrateiramente lá lhe davamos alguma coisa sem que pudessem desconfiar.
Também lhe contei muitos segredos. Também me abraçou muitas vezes e mimou. Acompanhou-me muitas das minhas noites sozinha em casa. Deu-me muito colo.
Comia ervas, bebia água do mar. Não podia ver um cão preto.
Teve oito cachorrinhos e chorou bastante quando o esposo foi embora no carro da dona. À primeira vista nada se passou, era uma cadela difícil :P Mas da segunda vez ficou cega de amores! E os filhotes eram lindos lindos lindos....
Agora tenho a Anouk. Que também é uma fofa mas muito ciumenta. A Nely roubou-lhe muitas vezes o protagonismo. A maior parte do tempo, na verdade.
Dia 6 de Setembro vai fazer dois anos que ela morreu.
Passei os últimos meses a caminho da Clinica Veterinária, troquei turnos e fiz giga-jogas para passar o tempo todo com ela. Alternava com o pai, para que nunca estivesse sozinha. Montes de medicação, mas dia-a-dia ia caindo mais. Até que um dia, quando estava a fazer o turno da tarde no hospital, ela escolheu o pai para lhe fazer companhia.
Liguei para a agência funerária de Alcabideche para que a viessem buscar. No dia seguinte fui lá, levei um malmequer cor de laranja do jardim que ela adorava cheirar e, trouxe-a numa caixinha no banco da frente, bem do meu lado, até casa.
Até hoje, ainda não me consegui libertar totalmente dela. Espero em Agosto, num belo dia de sol, ir com a mana à sua praia favorita e deixá-la livre.
"Foste uma grande companhia para a minha família meu doce"
E porquê todo este discurso? LOL
Porque acabei de ver o filme do Marley&Me LOL
E pareço uma madalena arrependida heehehheh
Mas como diz no filme,
"Se deres o teu coração a um cão, ele dar-te-à o dele"
E a Nely deu, 13 anos.*
Minha linda como te compreendo de coração :)
ResponderEliminarTambém tive essa oportunidade na minha vida e foi magnifico. Mas como tudo na nossa vida vai e vem, os cães fazem parte dela e também nos ensinam em muita coisa :)
Beijo M.
a saudade mais que um crime é um castigo...
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