Vestido preto. O primeiro vestido preto, sem alças e curto. Justo em todo ele. Uma meia preta opaca. Um salto alto. Um cabelo solto. Sem óculos e com uns brincos grandes e brilhantes. Poucos me reconheceram sem estar com o uniforme roxo habitual. E lá cheguei eu à festa da clinica, à festa de despedida de uma das colegas de quem teremos imensas saudades.
Uma noite para a confiança, uma noite para subir o astral e finalmente conquistar aquela estima, não a auto, a total. A estima de tudo. O "Maria estás linda." "O Maria tens um coração tão bondoso." "O Maria precisamos de te arranjar um marido" "O Maria vais à próxima festa que dermos lá em casa, não vou dizer nada ao meu marido, mas vou convidar todos os solteiros." "O Maria não podes continuar sozinha." "O Maria uma pessoa como tu não pode estar sozinha." "O Maria esse amor todo aí dentro tem de ser para alguém."
Mas estou.
Já não sei se vou ser estúpida com alguém. Tenho andado demasiado ocupada a ser estúpida com a vida, ou a vida a ser estúpida comigo. Mas começo a acreditar que sim, que sou isto tudo. Que sou completa de toda esta generosidade, beleza, genuinidade, amor. E não passo a ser vaidosa por isso. Nuca serei perfeita mas pelo menos " it is a Brand new time for me".